Mario Fernandes, ex-secretário no governo Bolsonaro, classificou plano como “pensamento digitalizado” e diz que rasgou o material impresso
O general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), admitiu nesta quinta-feira (24) ter sido o autor do documento que ficou conhecido como “Punhal Verde e Amarelo”, um plano que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), Fernandes afirmou que o plano não passou de um “pensamento pessoal” e um “estudo de situação” que ele resolveu digitalizar. Segundo o general, o documento não foi apresentado nem compartilhado com ninguém.
— Esse arquivo digital retrata apenas um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, uma análise de riscos. Não foi apresentado nem compartilhado — declarou.
Fernandes admitiu ainda ter impresso o plano, alegando que o fez apenas para facilitar a leitura e evitar esforço visual. Ele afirma ter rasgado o material logo em seguida. No entanto, a Polícia Federal aponta que três cópias foram impressas no Palácio do Planalto e, cerca de 40 minutos depois, o general entrou no Palácio da Alvorada, onde estavam o então presidente Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid.
Questionado se mostrou o documento a Bolsonaro, Fernandes negou categoricamente:
— Ratifico: é impossível. Imprimi apenas para ler. Após isso, rasguei. A coincidência de horário se deve às minhas atribuições administrativas como secretário executivo.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) questionou a impressão de múltiplas cópias e uma reimpressão realizada cerca de um mês depois. O general disse não se recordar das múltiplas impressões e sugeriu que a duplicação pode ter ocorrido por “configuração da impressora”. Quanto à nova impressão, alegou ter modificado o conteúdo após uma “nova ideia”.
O depoimento desta quinta-feira marca o encerramento da fase de instrução no processo que apura a atuação do chamado “núcleo 2” da suposta organização envolvida em plano golpista para subverter a ordem democrática no país.